Para muitas empresas e influenciadores, as redes sociais são grandes parceiras de divulgação, mas para os jornalistas elas podem ser muito mais do que um simples veículo de trabalho. As plataformas são aliadas na busca por pautas e personagens para as matérias, e ajudam a melhorar o network; por isso, jornalista, use as redes a seu favor.
Já não é mais tão comum um jornalista precisar sair de dentro da redação para ir atrás de uma fonte, um personagem ou especialista para a sua matéria; em poucas horas o profissional precisava apurar, escrever e mandar o conteúdo para o editor. E com o surgimento da internet e das redes sociais, tudo ficou muito mais fácil. Há algum tempo, já é possível produzir todo o material dentro da redação, dependendo da pauta.
O jornalista Alex Francisco, que está há 14 anos na área, enxerga esse avanço como um bônus para os profissionais que estão nas redações há mais tempo. “Hoje, o Facebook, por exemplo, possibilita encontrar assuntos e personagens interessantes para pautas em pouco tempo. Os profissionais que estão há mais tempo na área têm a tecnologia como um bônus, uma extensão, um facilitador para o trabalho e também se saem muito bem em caso de panes ou instabilidades nas redes, pois conhecem maneiras de apurar as informações sem a necessidade única e exclusiva da web, o que seria mais demorado, mais difícil, talvez, mas possível”, comenta.
Além de ajudar com as pautas diárias, ficar ativo nas redes sociais – não só no LinkedIn, nas demais plataformas também – ajuda a melhorar o network, mas é necessário ter bom senso sobre o conteúdo que compartilha com os usuários. “O LinkedIn foi criado para as interações sobre trabalho, então não parece o lugar ideal para postar o que a pessoa almoçou ou o filme que assistiu, não é esse o propósito”, explica Francisco. Além disso, se a intenção é ser notado pelo profissionalismo, o bom senso não se aplica apenas ao LinkedIn. “Nas demais redes sociais, também é preciso ter uma noção clara do que se quer, ainda mais nos tempos em que vivemos, em que é muito comum achar que opinião é argumento. Se o objetivo é se portar e ser reconhecido pelas redes como um jornalista profissional, é preciso adotar uma postura como tal”, complementa.
Foca, você precisa estar familiarizado com as redes
Os estagiários ou recém-formados em jornalismo são conhecidos como “focas”, e mesmo eles, que já nasceram em meio à alta tecnologia e redes sociais, precisam estar familiarizados com as plataformas. Também, a administração das redes sociais é comumente feita por jornalistas, então eles podem ter aí mais uma fonte de renda.
Mas é possível trabalhar com uma plataforma que você não sabe como funciona?
“Se pensarmos na convergência das mídias e no novo perfil profissional exigido do jornalista hoje, ou seja, aquele que dá conta de produzir para diversas plataformas ao mesmo tempo, não estar nas redes sociais faria com que ele perdesse oportunidades, sim. Não só por possibilidades de se atualizar e poder encontrar boas histórias e personagens, como também entender como funcionam essas redes”, orienta Francisco.
Porém, mesmo com as redes sendo ótimas parceiras de trabalho, é necessário levar em consideração o bom e velho jeito de se fazer jornalismo. Lembre-se: elas são aliadas, mas não a única ferramenta de trabalho de que o jornalista precisa ter o domínio.
“Talvez a reflexão aqui é o quanto estamos usando as redes sociais como a única ferramenta para produzir conteúdo, o quanto elas prejudicam nossa apuração, nos ajudam a olhar de fato para uma realidade, quem faz parte e como fazemos parte do círculo que fazemos, enfim, tudo isso vai refletir na maneira como fazemos jornalismo. Escrever sobre um rapaz negro que foi agredido por policiais apurando o material publicado de diversos outros veículos, vendo vídeos da agressão na internet e lendo apenas o que as pessoas comentam no feed não é o mesmo que escrever depois de ter presenciado o fato, conversado com os policiais, o rapaz agredido, familiares e relatar o que se viu, e não o que os outros viram”, conclui Alex Francisco.